14/08/2018

Dinamene, "amor e pena camoniana"

Um soneto de Camões
tem exemplo que se tome:
Dinamene foi um nome
que entrou nas suas paixões.

Durante as navegações,
ele a achou e perdeu.
Em naufrágio, ela morreu...
Ele escreveu em contraste:

“...Dinamene! Assim deixaste...
quem não deixou de querer-te...
minha, já não posso ver-te...”.
Foi seu amor com desgaste.

Poemeto com 3 quartetos, de 14 versos em "redondilha maior" (verso de 7 sílabas métricas).

12/08/2018

O poeta fica vivo!

Existe uma infinidade
de músicos e de cantores,
poetas e trovadores 
com fama e celebridade,

que deixou a Humanidade
a par de suas conquistas.
Não publico as minhas listas,
porque ainda estou vivo.

Vou fazer o meu arquivo
para “o morto ser lembrado” —
mesmo que seja invejado
por despeita ou por ciúme;

e que ainda haja queixume
por causa dos meus amores,
do meu verso cujas dores
tenham voz e vão a lume.

Poema autobiográfico de 4 quartetos, 14 versos em "redondilha maior" (verso de 7 sílabas métricas).

10/08/2018

Ex-amor do vaga-lume

Um espinho e Outra a flor

      1) Estranho à vontade
Vi o teu gesto contente,
sorrindo para outro rosto,
que, também, alegremente,
ria conforme teu gosto.

      2) Luz e sombra
Sem sentir mais teu perfume,
eu fui desaparecendo
como faz o vaga-lume:
se apagando e se acendendo...

      3) Contagem vantajosa
Na tua conta, deixaste
"três corações, dois amores".
Mas não te preocupaste
com a conta das minhas dores.

      4) Curta duração
Não chegaram a um mês
os apertos de mão dados,
contando a primeira vez
no Dia dos Namorados.

      5) Voo e vazio
Tudo, entre nós, foi bonito:
carinho, beijo e abraço.
Mas voou para o Infinito;
não era do nosso espaço.

      6) Cantiga ao luar
Quando eu faço serenata,
a Lua vem me indagar
por que tu és tão ingrata
que não ouves meu cantar.

      7) Beleza na íntegra
És uma linda pessoa
por fora, por dentro; e ainda
bom coração e alma boa
fazem-te toda mais linda.

      8) Sem habilidade
Despedi-me com a tristeza
de não saber coroar
a rainha da beleza
que me escolheu para amar.

      9) Assédio, incômodo
Errei, fazendo-te assédio,
que, em vez de te agradar,
provocou enjoo e tédio
sem eu menos esperar.

      10) Aos pedaços
Afastei-me assim, de ti:
com o meu coração partido
por todo amor que senti,
mas não foi correspondido.

      11) Rumos mantidos
Seguiste teu mesmo rumo:
casa, trabalho e caminho...
Pouco mudei e não sumo
da Leitura e do seu ninho...

      12) Mudança de classe
Fui teu colega de classe,
jovial, mas solitário.
E o nosso amor de interface
foi para outro diário.

      13) Espinho e Flor
Passei dia e noite, à espera
de viver o nosso amor — 
enquanto achavas que era
eu espinho e tu, a flor.

      14) Sonho fugaz
A sonhada eternidade
do amor que tu me juraste
foi a mesma brevidade
com que me abandonaste.

Poemeto como apêndice

Não é um bem material
que faz falta ou furta a cor
quando se rompe um amor
de fundo sentimental:

é uma luz espiritual
distante com o rompimento;
é a lembrança de um momento
que se deseja outra vez;

é um poema que se fez,
"colhendo rimas ao vento".
E a coragem ao relento
recolhe-se à timidez.

Notas:
1) Poema "retroativo" aos vinte anos de idade do poeta (este que o escreveu).
2) Texto inacabado com 14 quartetos em redondilhas maiores (verso de 7 sílabas métricas) e rimas alternadas "abab".
3) As "quadras do poema" acima (fora o apêndice)) fazem parte da sua sequência (umas com as outras) relativas a um período sentimental antigo, lembrando inclusive a música Meus 20 anos cantada por Nílton César. Nesse caso, também são "quadras de um amor" (breves estações ou curtas passagens).
4) Mas também possuem "vida própria": qualquer uma pode ser extraída e recitada isoladamente, mantendo a sua mensagem para outro contexto socioafetivo ou para entrar como epígrafe em algum texto de outro autor. É por isso também que eu as chamo "quadrinhas".